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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Relato de uma experiência pedagógica numa escola do campo do município de Valença BA

Relato de uma experiência pedagógica numa escola do campo do município de Valença BA
Jonas da Silva Santos¹ ;
 Juvenicio Jesus dos Santos²; 
Rosemary Rufina S. Perin³

Introdução
O presente trabalho é fruto de um projeto desenvolvido na disciplina Pesquisa e práticas pedagógicas III do curso de graduação em Pedagogia Licenciatura e Docência em Processos Educativos da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Campus XV, em parceria com a escola do campo  Escola Municipal João Rocha da Silva.
A elaboração deste projeto de pesquisa surge a partir da disciplina pesquisas e praticas pedagógicas III e pesquisar sobre essa temática se justifica pelo fato de nos identificarmos muito com a temática.
Nessa pesquisa tivemos como objetivo compreender se a educação ambiental está inclusa no currículo dessa escola e especificamente verificamos se há um processo de formação inicial e continuada do professor para trabalhar a educação ambiental e por fim, analisamos se há um processo interdisciplinar ligado à educação ambiental.
MATERIAIS E MÉTODOS
O componente curricular pesquisas e práticas pedagógicas III possui carga horária de 60 h, sendo que a carga horária integral da disciplina foi destinada a elaboração e realização da pesquisa. No decorrer da disciplina fizemos discursões, levantamento de hipóteses para então definir o que pesquisar. Nessa dinâmica escolhemos pesquisar sobre reflexões sobre a educação ambiental no município de Valença: formação de professores da Escola Municipal João Rocha da Silva
Essa unidade escolar está localizada no tabuleiro do Orobó, zona rural do município de Valença Bahia, atende um público de crianças e adolescentes do 1º ao 5º ano, com classe multisseriada com faixa etária de 06 a 15 anos.
A nossa metodologia está pautada na pesquisa-ação, que se caracteriza através interação pesquisador e pesquisado.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Inicialmente fizemos o levantamento de algumas hipóteses, o professor que atuam nessa escola possui formação inicial e continuada para trabalhar a educação ambiental? O currículo escolar desta instituição comtempla a educação ambiental.
Como está assegurado na lei nº 9.795 que discorre sobre a educação ambiental, bem como a inserção desta como disciplina?
Questionamos a alguns professores e constatamos que os docentes trabalhavam a educação ambiental não no seu sentido amplo, e sim noções básicas.
Com relação à segunda pergunta alguns professores nos relatou que o currículo propõe uma educação ambiental como está proposto no Art. 2o “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, mas há certo distanciamento entre teoria e prática, pois, os professores não se sentem aptos para tratar especificamente sobre o assunto.
CONCLUSÃO
É importante ressaltar que o componente curricular: pesquisas e práticas pedagógicas é um momento ímpar no processo de formação do Pedagogo, pois o mesmo possibilita que o estudante realize atividades que envolva os elementos como a própria disciplina reza a pesquisa. Realizar essa pesquisa foi de suma importância para a nossa formação, pois tivemos a oportunidade de conferir de perto a realidade da escola do nosso município, bem como verificar se os profissionais possuem capacitação para trabalhar com a educação ambiental.

REFERÊNCIAS
[1] BERNA, Vilmar Sidnei Demamam.  Como fazer educação ambiental. São Paulo: Paulus, 2001. 142 p.
[2] JACOBI, Pedro Roberto. Educação Ambiental, cidadania e sustentabilidade. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf>. Acesso em: 25 Nov. 2011.
[3] MINAYO, Maria C.S. (org.). Ciência, Técnica e a Arte: O Desafio da Pesquisa Social. In: ___. PESQUISA SOCIAL, Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis, Vozes. 14 Ed. 1996. Cap 1.


1 Estudante do curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia, campus  Valença.  E-mail: jnhsilva@hotmail.com
2 Estudante do curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia, campus  Valença.  E-mail: juveniciosantos@gmail.com
3 Professora/Orientadora Universidade do Estado da Bahia,  campus Valença. Mestrado em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (2007). Atua como professora auxiliar no Departamento de educação Campus XV - Valença.  E-mail: rorufperin@hotmail.com3

A EDUCAÇÃO DO CAMPO NA CONTEMPORANEIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES

A EDUCAÇÃO DO CAMPO NA CONTEMPORANEIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES
JUVENICIO JESUS DOS SANTOS

“Por uma educação que nos ensine a pensar e não a obedecer”
Paulo Freire
Iniciar esse exercício de reflexão sobre essa afirmação do grande patrono da educação brasileira e nos propor à discussão a respeito da promoção de uma educação emancipatória, que possibilite contribuir para a elevação do senso crítico reflexivo do jovem fruto dessa educação.
Tratar de educação do campo na contemporaneidade é nos remeter primordialmente aos grandes teóricos (as) Miguel Arroyo (1999), Kaldart (2002), Molina (2002), ambos autores que teorizaram crítica e politicamente a respeito da proposta de por uma educação do campo. Nessa perspectiva, Arroyo (1999) nos ensina que:
“existe um movimento social do campo. Me parece que hoje a imprensa, as elites, a sociedade, todos reconhecem que o campo não está parado, o campo está vivo, há mais vida na terra do que no asfalto da cidade e este me parece um ponto fundamental: termos consciência de que hoje onde há mais vida no sentido de movimento social, onde há mais inquietação é no campo”.
Isto nos remete a problematizar uma proposta de educação inovadora e desafiadora para o campo, espaço este onde o debate está ativo, dessa forma, do ponto de vista pedagógico, nos instiga a discutir a formação específica de professores para lhes possibilitar desenvolver práticas pedagógicas condizentes com a realidade do sujeito do campo. Isso Molina (2002, p. 26), chama de “a primeira tarefa que temos”, a de “cumprir com excelência” e isso “se refere à necessidade permanente de nos capacitar, de estudar sempre e muito”.
A educação do campo historicamente não teve sua devida valorização. Pelo contrário, os sujeitos do campo várias vezes tiveram que parar de estudar, pois na sua localidade não havia escola para atendê-los. O próprio sujeito cognoscente desta reflexão teve a experiência de constatar um fato dessa natureza. Uma estudante da sua localidade repetiu por várias vezes 4° série, atualmente 5° ano, por não possui condições de se deslocar para o meio urbano para estudar.
Além disso, compartilha-se aqui da ideia do artista Gilvan Santos, que de forma poética e artística compôs uma música em que traz uma reflexão singular sobre esse assunto, “Não vou sair do campo pra poder ir para escola, Educação do campo é direito e não esmola” – essa música é trilha sonora da Oficina de audiovisual do Biizu Assentamento Palmares II, disponível no youtube (https://www.youtube.com/watch?v=Y7-ksByde5w).
Propõe se discutir a educação do campo na perspectiva de Miguel Arroyo, que é colocá-la no campo das políticas, ao fazer isso, surge duas vertentes essenciais, a educação como um direito e como um dever. Um direito de todos que depende dela e um dever constitucional do estado de ofertá-la de forma pública, gratuita e de qualidade.

     Dessa forma, reflete-se a respeito da oferta de uma educação que mude a perspectiva do aluno do campo, que promova a consciência de que é possível viver dignamente, ter acesso ao conhecimento e a educação sem precisar sair do campo. Faz-se necessário pensar uma proposta que garanta a permanência do jovem do campo no campo. 

Referências
ARROYO, Miguel Gonzalez. A educação básica e o movimento social do campo. In: ____: FERNANDES, Bernardo M. A educação básica e o movimento social do campo. Brasília,
DF: Articulação Nacional por uma Educação Básica do Campo, 1999 a. (Coleção Por Uma Educação do Campo, v. 2). P. 13-52.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 25. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.