A
EDUCAÇÃO DO CAMPO NA CONTEMPORANEIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES
JUVENICIO JESUS DOS SANTOS
“Por uma educação que nos ensine a pensar e
não a obedecer”
Paulo Freire
Iniciar esse exercício de reflexão sobre essa afirmação do grande patrono da educação brasileira e nos propor à discussão
a respeito da promoção de uma educação emancipatória, que possibilite
contribuir para a elevação do senso crítico reflexivo do jovem fruto dessa
educação.
Tratar de educação
do campo na contemporaneidade é nos remeter primordialmente aos grandes
teóricos (as) Miguel Arroyo (1999), Kaldart (2002), Molina (2002), ambos autores
que teorizaram crítica e politicamente a respeito da proposta de por uma
educação do campo. Nessa perspectiva, Arroyo (1999) nos ensina que:
“existe um movimento social do campo. Me parece que hoje a imprensa, as elites,
a sociedade, todos reconhecem que o campo não está parado, o campo está vivo,
há mais vida na terra do que no asfalto da cidade e este me parece um ponto
fundamental: termos consciência de que hoje onde há mais vida no sentido de
movimento social, onde há mais inquietação é no campo”.
Isto nos remete a problematizar
uma proposta de educação inovadora e desafiadora para o campo, espaço este onde
o debate está ativo, dessa forma, do ponto de vista pedagógico, nos instiga a discutir
a formação específica de professores para lhes possibilitar desenvolver
práticas pedagógicas condizentes com a realidade do sujeito do campo. Isso
Molina (2002, p. 26), chama de “a primeira tarefa que temos”, a de “cumprir com
excelência” e isso “se refere à necessidade permanente de nos capacitar, de
estudar sempre e muito”.
A educação do campo
historicamente não teve sua devida valorização. Pelo contrário, os sujeitos do
campo várias vezes tiveram que parar de estudar, pois na sua localidade não
havia escola para atendê-los. O próprio sujeito cognoscente desta reflexão teve
a experiência de constatar um fato dessa natureza. Uma estudante da sua
localidade repetiu por várias vezes 4° série, atualmente 5° ano, por não possui
condições de se deslocar para o meio urbano para estudar.
Além disso, compartilha-se aqui
da ideia do artista Gilvan Santos, que de forma poética e artística compôs uma
música em que traz uma reflexão singular sobre esse assunto, “Não vou sair do
campo pra poder ir para escola, Educação do
campo é direito e não esmola” – essa música é trilha sonora da Oficina de
audiovisual do Biizu Assentamento Palmares II, disponível no
youtube (https://www.youtube.com/watch?v=Y7-ksByde5w).
Propõe se discutir a educação
do campo na perspectiva de Miguel Arroyo, que é colocá-la no campo das políticas,
ao fazer isso, surge duas vertentes essenciais, a educação como um direito e
como um dever. Um direito de todos que depende dela e um dever constitucional
do estado de ofertá-la de forma pública, gratuita e de qualidade.
Dessa forma, reflete-se a respeito da
oferta de uma educação que mude a perspectiva do aluno do campo, que promova a consciência de que é possível viver dignamente, ter acesso ao conhecimento e a educação sem
precisar sair do campo. Faz-se necessário pensar uma proposta que garanta a permanência
do jovem do campo no campo.
Referências
ARROYO, Miguel Gonzalez. A educação básica e o movimento social
do campo. In: ____: FERNANDES, Bernardo M. A educação básica e o movimento
social do campo. Brasília,
DF: Articulação
Nacional por uma Educação Básica do Campo, 1999 a. (Coleção Por Uma Educação do
Campo, v. 2). P. 13-52.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 25. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
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